O que acontece com crianças que morrem muito novas? Estão perdidas?
Recebi um email com esta pergunta. Ora, alguns anos atrás, vi essa mesma pergunta sendo feita em igreja fundamentalista, e a resposta foi "Vamos deixar isso para Deus" e "não temos como saber". Uma resposta dessas é tolerável para um recém-convertido, mas não para um líder do povo de Deus.
Espera-se de um pastor, de um presbítero, conhecimento bíblico suficiente para saber consolar e orientar uma família que passa pela dor de perder uma criança pequena.
Fui descobrir mais tarde que o problema é que muitos pastores, presbíteros e membros de igreja tem tido um "namoro" com a teologia Calvinista. O Calvinismo afirma, INCORRETAMENTE, que a causa de alguém ser salvo é ter sido eleito incondicionalmente antes da fundação do mundo. Portanto, quando um recém-nascido morre, o Calvinista não sabe se aquele bebê é eleito ou não, por isso ele precisa "deixar para Deus resolver".
Isso dito por um membro de igreja, que está fazendo o melhor que pode para entender sua Bíblia, é compreensível. Mas, isso dito por alguém que ganha salário para se dedicar exclusivamente ao estudo e ensino da palavra de Deus, é algo inaceitável.
Por que deixar as pessoas sem resposta, se a Bíblia tem a resposta? Vou usar o email que respondi a este irmão que me escreveu como base para o artigo abaixo.
A resposta é: crianças que morrem muito novas, antes de atingirem o nível da consciência, não são condenadas.
É importante lembrar que não há como determinar qual é a idade, se 4, 5, 6 ou 10 anos. Com certeza varia de caso a caso. A questão não é a idade, mas sim entender O QUE É QUE CONDENA o homem.
João 3
18 Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.
19 E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más.
2 Tessalonicenses 1
7 E a vós, que sois atribulados, descanso conosco, quando se manifestar o Senhor Jesus desde o céu com os anjos do seu poder,
8 Com labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo;
9 Os quais, por castigo, padecerão eterna perdição, longe da face do Senhor e da glória do seu poder,
Primeiro, vamos perceber o que é que a Bíblia NÃO diz.
a) A Bíblia NÃO DIZ que o homem é condenado pelo fato de ter nascido pecador.
b) A Bíblia NÃO DIZ que o homem é condenado por não ter sido "eleito incondicionalmente antes da fundação do mundo", como afirma a absurda teologia Calvinista.
Agora vamos ver o que a Bíblia realmente diz.
O que vemos em João 3 é que o homem é condenado
- por "amar mais as trevas do que a luz", ou seja, isso implica ESCOLHA. Amar mais uma coisa do que a outra é uma DECISÃO. Uma criança muito pequena não é capaz de escolher a luz (Jesus), porque ela não consegue sequer perceber que Jesus é a luz.
Em II Tessalonicenses 1, vemos que o homem é castigado na eterna perdição
- por "não obedecer ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo", ou seja, uma criança de 2 anos de idade não será castigada, pelo simples fato de que ela é INCAPAZ de obedecer ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo. Repare no versículo II Tes 1:9 que diz "os quais, POR CASTIGO, padecerão eterna perdição". Ou seja, a perdição eterna é um CASTIGO, uma CONSEQUÊNCIA de a pessoa não ter obedecido ao evangelho de Cristo. Uma criança de 2 anos de idade não será condenada pela consequência de algo que ela é incapaz de fazer.
O fator determinante é a capacidade de compreender
a) Jesus como a luz que se opõe às trevas do mundo, e
b) a simplicidade do evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo
Pessoas que não são capazes de compreender (seja pela pouca idade, seja por uma deficiência mental) não serão condenadas.
Temos na Bíblia o exemplo do filho de Davi e Betseba. O recém-nascido morreu. Veja o que Davi disse:
II Samuel 12
22 E disse ele: Vivendo ainda a criança, jejuei e chorei, porque dizia: Quem sabe se Deus se compadecerá de mim, e viverá a criança?
23 Porém, agora que está morta, por que jejuaria eu? Poderei eu fazê-la voltar? Eu irei a ela, porém ela não voltará para mim.
Davi sabia que a criança não poderia voltar a viver, mas ao mesmo tempo Davi tinha certeza absoluta de que ele iria se encontrar com aquela criança no futuro, ou seja, na eternidade.
Para concluir, um trecho de Romanos 7
7 Que diremos pois? É a lei pecado? De modo nenhum. Mas eu não conheci o pecado senão pela lei; porque eu não conheceria a concupiscência, se a lei não dissesse: Não cobiçarás.
8 Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, operou em mim toda a concupiscência; porquanto sem a lei estava morto o pecado.
9 E eu, nalgum tempo, vivia sem lei, mas, vindo o mandamento, reviveu o pecado, e eu morri.
10 E o mandamento que era para vida, achei eu que me era para morte.
11 Porque o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, me enganou, e por ele me matou.
Primeiro, vemos no versículo 7 e no versículo 11, claramente, que o pecado precisa de uma OCASIÃO.
Segundo, vemos no versículo 9 que Paulo, "nalgum tempo, vivia sem lei". Não diz se foram 2, 3, 4 ou 9 anos. Diz que é "nalgum tempo". É a idade em que não há consciência da lei.
Terceiro, no versículo 8 diz que "sem a lei estava morto o pecado". O pecado só mata quando toma ocasião pelo mandamento (vers 11).
Isso demonstra que no caso de uma criança muito pequena, de 2 ou 3 anos, por exemplo, o pecado ainda não teve ocasião para matar (versículo 11).
Concluindo: Uma pessoa precisa ter
a) consciência de pecado (Rom 7)
b) capacidade de escolher entre a luz (Jesus Cristo) e as trevas (João 3)
c) capacidade de compreender para obedecer ao evangelho de Jesus Cristo (II Tes 1)
Se a pessoa não reúne essas 3 características, seja pela pouca idade, seja por deficiência mental, ela não será condenada (João 3), nem castigada na perdição eterna (II Tes 1), nem morta pelo pecado (Rom 7).
Espero ter sido útil.
Em Cristo,
irmão Fábio
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